Ser excelente já não é suficiente

O Palmeiras venceu mais uma partida no campeonato Paulista. O único time que ainda não perdeu na competição, o melhor saldo de gols, a melhor defesa, vai ganhar como prêmio, encarar a segunda melhor equipe do campeonato na próxima e decisiva fase do campeonato.

O surpreendente São Bernardo, que não perdeu contra os considerados times grandes do Estado, vem fazendo uma temporada digna de aplausos. Tem a segunda melhor campanha, só perde para o Verdão nesse quesito. Tem o melhor ataque e a segunda melhor defesa.

Em outros tempos diríamos que já no jogo de quarta de final, teremos uma “final antecipada”. Falar sobre o absurdo que é o regulamento do campeonato Paulista, que premia a incompetência, é “chover no molhado”, já não adianta. Um regulamento que coloca as duas melhores campanhas para disputar já no próximo jogo e vai tirar um deles da competição é no mínimo curioso, para não dizer mais. E repetidamente, coincidentemente nas três últimas edições, foi assim.

Clubes que na penúltima rodada de classificação estão a lutar para não cair, vencendo um jogo, pode se classificar. Um campeonato em que teremos times com quase 60% de aproveitamento fora e times com 30% de aproveitamento por um empate de entrar para a fase de disputa eliminatória. É bizarro!

Para o Palmeiras que a pelo menos 4 anos briga por todos os campeonatos que disputa, já não basta ser excelente. Tem que dar show, tem que golear, tem que mostrar mais do que já mostrou até aqui. Impressionante é que isso não tem se aplicado aos demais times da competição que contrataram mais, investiram muito mais, e estão a muito mais tempo sem conquistas. Só o Palmeiras parece ter essa necessidade de ser mais que excelente. É impossível.

Há tempos ouço dizer que o campeonato Paulista serve como teste, é comum ouvir os torcedores pedindo para jogar com o sub-20. Pasmem, as experiências têm sido feitas, embora não da forma como eu ou você podemos querer, mas há testes, sim. Com os reservas que já sabemos, não têm hoje a capacidade técnica que um clube como o Palmeiras se tornou, mas são os que lá estão e precisam ser colocados na Arena para que sejam avaliados. Estão sendo.

Não seria justo avalia-los por uma partida bem feita, ou outra mal jogada. Jaílson, por exemplo, quando chegou, foi uma grata surpresa, um jogador que, para composição de elenco, bom. Se machucou, e não voltou bem, parece outro jogador, sem aplicação tática, volante, que nessa temporada parece que quer ser atacante, mal posicionado e muito criticado pela torcida. A mesma avaliação está sendo feita com Atuesta, com Navarro, com Breno Lopes, Flaco, com Giovanni, com Endrick, com todos.

A avaliação é contínua, sempre foi desde que Abel chegou, muitas saídas aconteceram, o time do Palmeiras mudou o seu perfil e a característica, não técnica apenas, mas de comportamento, jogadores que tiveram todas as chances possíveis, como Jaílson tem tido, ou Atuesta. Não à toa não temos mais Felipe Melo, Willian, Deyverson, Wesley, Verón, Patrick de Paula, Lucas Lima e outros. Não à toa, não foi por acaso e esse processo parece ainda estar acontecendo. Por isso, no Palmeiras hoje não basta ser excelente, tem que ser excelente e constante, consistente.

No futebol não há como prever quem vai ganhar, mas dá para imaginar quem está mais próximo disso. A nossa insistência e ansiedade sobre reforços é sim justificada, mas não é desesperadora como muitos costumam dizer. É possível chegar ao êxito com esses, muito mais difícil, muito mais doloroso será o caminho, mas é possível, sim. Com o Abel, tudo pode acontecer. Espero apenas que ele esteja por tempos ainda, afinal de contas, não basta ser excelente mais.